sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Esta Com Pressa?

Culpado por natureza, sou mais um produto do meio. Todos os dias vivendo no rush da vida capitalista com pressa por e para tudo. Mas também sei perceber o que esta errado e como é impressionante a forma em que nos cabe perceber esses "erros". Próximo a minha casa tem uma padaria onde sempre compro pães, com minha mania de falar com todo mundo acabei por virar conhecido das pessoas que lá trabalham. Um dia desses, que óbvio minha memória não permitirá lembrar, fui lá como de costume e um novo funcionário me atendeu. A padaria estava com uma grande quantidade de pessoas sendo atendidas e outras mais esperando por sua vez, inclusive eu. A bem da verdade já entrei na padaria com pressa, pois queria comprar os pães e o leite e ir para casa para me arrumar e sair, tinha um compromisso me esperando. Depois de esperar um bom tempo para ser atendido o funcionário novo me desejou boa noite e de uma forma que parecia bem mais apressado do que eu, foi nesse momento que percebi o quanto a pressa é um mal. Ele estava tão preocupado em atender o máximo de pessoas que não conseguia perceber que estava fazendo algumas coisas erradas. Primeiro me entregou o pedido de outra pessoa e nem disse nada, virou e foi atender o próximo. Quando finalmente consegui chamar sua atenção de novo, já havia mais três pessoas reclamando de seus pedidos. O engraçado é que o pessoal mais antigo da padaria ficou apenas rindo dele.
Depois de consertar os seus erros numa correria sem fim e com palavras de alarde --"de quem são os cinco pães de milho com três de leite?"-- (isso foi só um exemplo, não lembro o que ele falou realmente) ele já correu para atender ao próximo cliente. Peguei meus pães e sai da padaria, com a pressa que estava, percebi à metade do caminho para casa, que tinha pago pelo leite mas não estava com ele. Voltei à padaria e, novamente, tentei chamar a atenção do rapaz apressado (para não dizer desesperado). Quando finalmente consegui que ele prodigalizasse sua atenção a mim, disse --"o leite!"--. Ele parou por um ínfimo instante me olhando e disse --"ahn"-- imediatamente após isso disse --"desculpe, esqueci, vou pegar"-- (interessante como o nosso cérebro é arteiro, ele ouviu e entendeu o que falei, mas o reflexo foi mais rápido que o processamento da mensagem que passei a ele, o "ahn" foi só o reflexo do cérebro dizendo: "entendi, estou processando". Isso acontece comigo com muita frequência). Mas o rapaz estava com tanta pressa que foi na prateleira, olhou e voltou com o pedido de outra pessoa (esqueceu de novo), os seus colegas, que estavam rindo bastante dele, se pronunciaram --"ô fulano, o leite do rapaz"-- foi então que ele foi buscar novamente e ao chegar na prateleira novamente a marca do leite que pedi estava em sua frente mas ele não viu, virou e disse --"não tem mais o leite tal"-- a esse ponto até eu estava rindo e já estava atrasado. Os colegas de trabalho dele, de forma subliminar, me fizeram perceber o porque a pressa é realmente um mal e me fizeram lembrar de algo que tinha lido a muito tempo sobre a filosofia budista "O mal é nosso próprio produto; ninguém pode poluir ou purificar outrem." ou vão me dizer que a pressa é culpa de alguém mais que não nós mesmos?

Basicamente o budismo, pelo que li e/ou pude compreender, tem três ensinamentos que são: fazer o bem, evitar fazer o mal e cultivar a própria mente. Usando essas três coisinhas básicas principalmente o "cultivar a mente" podemos evitar a pressa. Quando sai da padaria naquele dia, ainda rindo, aprendi a dar menos valor ao rush e procuro sempre evitá-lo (as vezes ainda esqueço); já até fiz coisas no meu dia a dia que não faria, em um dia de saída para o cinema ao ligar para os(as) amigos(as) e saber quem ia ou não comigo um deles disse que não. Quando já estava no caminho ele ligou para dizer que mudou de ideia e queria ir, normalmente, com o Eu apressado, ele teria ficado. Vou seguindo a vida aprendendo com meus erros e tentando evitá-los, ou, no mínimo, diminuí-los. Espero que quando estiver com pressa qualquer dia desses possa lembrar dessas palavras ou tornar-me-ei mais paucíloquo.

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