Bom deixemos o assunto sobre esse insólito de lado, nesta parte fiz uma pequena pausa, --em pensamento-- "que porra eu vou escrever agora?". Daí me veio a lembrança uma história que li a algum tempo sobre Psique e Cupido. A história conta que Psique era tão linda, mas tão linda que causou profundo ciúmes em uma deusa, Vênus, ora, ela própria deusa da beleza! Ironia?! Vamos ao que interessa, num dado ponto da história Psique se casa com Cupido, mas não sabe que ele é seu marido, pois este só a vê na escuridão e a proibiu de vê-lo. (...) As irmãs de Psique com ciúmes de tudo que o marido a tinha dado (palácio, riquezas, mordomias), então envenenaram os pensamentos puros da moça, dizendo-lhe que ela havia casado com um monstro e que deveria matá-lo. Esta, então pôs-se a fazê-lo. Mas ao encontrar Cupido dormindo viu sua beleza e, óbvio, desistiu de matá-lo. Para seu infortúnio acordou Cupido e este a expulsou e a tirou tudo que lhe havia dado. E mais um monte de blá, blá, blá e eles acabam juntos no final da história.
Analisando de forma muito peculiar vejo nada mais do que a perpetuação de uma cultura do seguir o bom senso, seguir o pensamento geral. Normalmente as pessoas não fazem aquilo que é certo para si, fazem o que é o certo para a maioria. Quando Psique põe em dúvida sua forma de vida perfeita por conta do pensamento hostil de suas irmãs e seguindo seus conselhos acaba por fazer besteira e olha que ela viveu muito bem sem se preocupar com a aparência ou com quem era seu marido. A verdade é que o sistema e o bom senso são fundados em regras constantes e não mutáveis, pessoas com com insólitos pensamentos são vistos de algumas formas peculiares. São diferentes (e esse é o modo educado), são malucos, são controversos, até mesmo quando fazem o que a educação manda, são caretas. As mulheres se arrumam, em geral, para outras mulheres. Os homens vivem contando vantagens para seus amigos sobre suas façanhas. Seguimos padrões. Fico a me perguntar que mal faria respeitar as diferenças e as escolhas de cada um? Que mal faria se não nos preocupássemos tanto em julgar o que fulano ou beltrano faz ou deixa de fazer? Que mal faria? Essa é bem simples de responder, tornaria-se um excluído. Cada vez mais penso que o insólito é utopia.