quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

E Viva ao Capitalismo

Algum tempo atrás li em algum blog (minha memória não vai me ajudar de maneira alguma) sobre como vivemos hoje, não com a forma em si, mas com a repreensão que nos é causada por tudo aquilo que acontece no nosso dia a dia ou à nossa volta. Todos os dias quando leio os jornais (na internet, sou viciado em tecnologia, lembram?) vejo notícias terríveis sobre todo tipo de acontecimento. Pais estuprando, mães matando, filhos matando, pessoas matando por razões meramente somíticas ou por razão nenhuma até. Não sou nenhum santo e tenho meus pensamentos malévolos principalmente com aqueles que praticam o mal, acho sim que bandido bom é bandido adoecido (entendam quase morto mesmo, a tarefa de tirar a vida, segundo a grande maioria, é de Deus --créditos a um grande amigo meu--). Tentei achar o autor pela internet da frase a seguir, mas foram tantas as ocorrências com diferentes autores que desisti; concordo com essa frase que foi respondida a respeito de perdoar ou não um criminoso --"Acredito que a tarefa de perdoar cabe a Deus, a nossa tarefa é apenas proporcionar o encontro!"--. "Deus" aparecendo duas vezes em um texto meu, com certeza vou ser questionado sobre isso. Já estava até fugindo do assunto; as pessoas esqueceram o que é gentileza, o que é ajudar sem segundas intenções, andam o tempo todo em desconfiança do meio a sua volta e todos aqueles que não conhecem. No tempo de meus pais as pessoas passavam pelas ruas e cumprimentavam umas as outras, não existia parcimônia nesse quesito e também não precisavam conhecer umas as outras, era a educação que falava mais alto.

Então veio o capitalismo e com ele, sem procrastinar, toda a perpetuação dos sete pecados capitais (a saber: Vaidade, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza, Gula e Luxúria) para a humanidade, aqui caberia a letra da música de uma banda a muito não falada, Ratos de Porão, o nome da música, Capitalismo. O som é horrível, mas a letra é totalmente congruente. Alguns dizem que o capitalismo consumiu até o próprio vocalista da banda, João Gordo, chamando-o de traidor, mas isso também é uma outra conversa. O fato é que vivemos presos a um sistema totalmente tórpido e, infelizmente, é quase impossível que saiamos dele. Mas ainda há aquele micro resquício de esperança na qual nos prendemos, para continuar vivendo e nos enganando achando que podemos ser melhores. Bom Eu digo, não tenham só esse "micro resquício" criem uma esperança verdadeira, acredito que se cada um fizer um pouco mais do que somente sua parte (fazer só a própria parte é egoísta) conseguiremos mudar aos poucos. Vamos trazer a velha e boa educação à tona, cumprimentem as pessoas, façam uma gentileza por alguém desconhecido (ou conhecido, também vale) e não se deixem gerir só pelo capitalismo. Façamos com que esse sistema seja reflexo de toda a ironia do título desse post. Tenho que concordar com Leon Trótski (grande revolucionário dos tempos de Lenin e Stalin) --"Se o capitalismo é incapaz de satisfazer as reivindicações que surgem infalivelmente dos males que ele mesmo criou, então que morra!"--. Uma amiga minha, numa recente conversa virtual, disse, --"o capitalismo acaba com o relacionamento entre as pessoas. Faltam às pessoas mais amor"--. Ela esta coberta de razão.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Sozinho, será?!

Domingo foi um dia bem tranquilo, escolhi fazer absolutamente nada (pleonasmos da língua). Acordei cedo por volta de meio dia, ora, claro, cedo! Vejam meu ponto de vista, se é domingo, não tem trabalho, não há compromissos, não há o que fazer, por que deveria ao menos acordar? Pois bem, acordei cedo assim e após a higiene "matinal" vim ao computador. Ao sentar em minha escrivaninha percebi que não tinha o que fazer, passei um bom tempo apenas olhando para a tela, ainda sonolento, decidindo por onde começar! Devo ter ficado nesse estado mais ou menos por uma hora, sim, apenas estático, sentado. Depois desse tempo todo comecei a pensar se estava com sintomas de solidão, cheguei à conclusão que não.

Em minha singela forma de pensar solidão é nada mais que a retração do seu ser ao meio ambivalente (digo, o seu e a sociedade. A saber, definição de ambivalência para psiquiatria). Nos conceitos eruditos a solidão trata do excesso de sensação de vazio que acomete um indivíduo, da falta de contato, ou seja, os psicólogos têm a certeza de que uma pessoa solitária é um completo antisocial, tenho certeza que entraria em uma briga por imiscuir em uma área tão aversa à minha. Gosto de estar sozinho e isso me traz muitos benefícios, muitos mesmo. Poder estudar sobre minha área, poder ler sem interrupções, dormir (isso faço muito pouco) e uma infinidade mais que minha frágil memória, neste momento, não ajuda a lembrar!

Muita gente que me conhece e sabe que passo a maior parte do meu tempo em casa e pensam que sou um solitário. Bem, eles têm razão! Talvez seja um solitário, mas aquele que usa isso como benefício e não como fuga. Tenho o controle sobre esse estado, por tanto, minha experiência com esse sentimento é prazeroso e positivo. Muita gente não consegue entender isso e nem, sequer, imagina como seria sua vida morando sozinho. Não gosto de usar termos assim, cria uma conotação surreal, mas ficar sozinho é um estado de espírito e se bem trabalhado e compreendido é bastante benéfico. Muitas pessoas não se vêm sozinhas, entram em depressão, não sabem aproveitar o que tal condição pode trazer de bom. Tenho comigo um sentimento de liberdade sem igual e é o que me faz ter idéias diferentes, insólitas (pleonasmo de novo). Grande pensador e filósofo que foi, Sartre tinha a solidão como uma condição fundamental do ser humano, pensava que as pessoas deveriam passar por essa experiência, pois deveriam buscar seu significado pelo isolamento em um determinado ponto de suas vidas. Epistemologicamente falando, estar só, é algo bom a se experiencializar (neologismo, duas vezes em uma única frase, vícios de linguagem em alta hoje). Cada um deveria fazer um teste, mas com a consciência plena de que seria apenas um teste, para não causar-se o mal com um sentimento de tão grande "vazio"! Termino esse com uma frase da música Satisfeito (Marisa Monte/Arnaldo Antunes/Carlinhos Brown) perfeitamente adequada ao assunto --"Quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho, vivo tranquilo a liberdade é quem me faz carinho!"--

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Aprendendo sempre

Segunda-feira, que vamos fazer no início da semana, à noite? Essa foi a pergunta que me fiz ontem (comecei a escrever isso na terça), quando uma amiga estava chegando de viagem e queríamos sair para algum lugar! As opções não foram tantas e nem todas agradáveis, pelo menos não para o meu gosto e, ainda bem, para o gosto dela (ufaaa!); Ensaio do Harmonia, alguns bares e o Pelourinho! Fomos para a terceira opção. Mas antes disso passamos no hotel em que minha amiga se hospedou e esperamos um bom tempo lá, parece que alguém fez uma cagada (-novamente- nenhum outro adjetivo caberia melhor aqui) no sistema e o recepcionista estava tentando corrigir. Estávamos ela, um amigo e Eu. Conversando sobre a viagem que ela acabara de fazer, por sinal, reclamou bastante da cidade que ela escolheu ir, choveu bastante lá, enfim, não vem ao caso. Nesse meio tempo, minha amiga encontrou com uma amiga dela lá, na recepção e a convidou para sair conosco. Começara ali, uma noite para lá de divertida!

Companhias super alto astral, simples por assim dizer, belas, inteligentes e muito divertidas. Passamos pela Praça Tereza Batista no Pelourinho onde uma festa do Cortejo Afro estava acontecendo, parecia muito promissora. Decidimos ir para a Praça Quincas Berro D'água onde uma orquestra tocava, minha amiga logo adorou a idéia de ficar por lá, cerveja gelada, boa música pessoas agradáveis. Havia até casais dançando, um muito incomum, um garoto que aparentava não mais do que 13 anos e uma senhora que provavelmente passava dos 50. Dançavam gafieira, com uma graça e leveza tamanha que pareciam flutuar na pista, movimentos perfeitos, giros síncronos, sem falar dos sorrisos estampados no rosto, realmente muito bonito.
Admirações a parte, vamos ao que interessa. Pessoas se conhecendo, conversando sobre tudo, fazendo piadas, trocas de conhecimentos culturais (isso foi perfeito); mas o que me chamou mesmo a atenção foi a forma de pensar de uma das meninas que estavam comigo. Ela falava sobre o que realmente procurava quando esta em outros países, por que, normalmente, pessoas como ela (segundo ela, que fique bem claro) sempre vêm de seus países procurando baladas, diversão, sexo e outras coisas mais além das futilidades que o dinheiro proporciona. No entanto ela falava que vinha para outros países em busca do autoconhecimento cultural, em busca de conhecer pessoas para entender o meio de vida delas para que ela pudesse usar desse conhecimento e se tornar uma pessoa melhor no seu dia a dia em seu país natal.

Nesse momento fiquei imaginando o quanto poderíamos melhorar se fizéssemos isso, nem mesmo precisaríamos ir a um outro país. Conhecer as pessoas e através delas achar seu próprio meio de ser, extraindo delas o melhor e dando de si também o melhor, trocar experiências, conhecimentos, alegrias. Na minha forma de pensar tentar definir alguém por completo é total perda de tempo. Vivenciar é o segredo, você vai aprendendo com o tempo os pequenos detalhes de personalidade, que, no final das contas, é o que realmente vai te agradar ou não em relação à outra pessoa. Todos os dias aprendo algo novo sobre algum dos meus amigos (e minhas amigas também!!!), isso me deixa profundamente feliz e sempre mantenho meu foco nesse aprendizado. Transformando, dessa forma, ainda melhores, as minhas amizades. Espero que essa seja uma boa dica.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Esta Com Pressa?

Culpado por natureza, sou mais um produto do meio. Todos os dias vivendo no rush da vida capitalista com pressa por e para tudo. Mas também sei perceber o que esta errado e como é impressionante a forma em que nos cabe perceber esses "erros". Próximo a minha casa tem uma padaria onde sempre compro pães, com minha mania de falar com todo mundo acabei por virar conhecido das pessoas que lá trabalham. Um dia desses, que óbvio minha memória não permitirá lembrar, fui lá como de costume e um novo funcionário me atendeu. A padaria estava com uma grande quantidade de pessoas sendo atendidas e outras mais esperando por sua vez, inclusive eu. A bem da verdade já entrei na padaria com pressa, pois queria comprar os pães e o leite e ir para casa para me arrumar e sair, tinha um compromisso me esperando. Depois de esperar um bom tempo para ser atendido o funcionário novo me desejou boa noite e de uma forma que parecia bem mais apressado do que eu, foi nesse momento que percebi o quanto a pressa é um mal. Ele estava tão preocupado em atender o máximo de pessoas que não conseguia perceber que estava fazendo algumas coisas erradas. Primeiro me entregou o pedido de outra pessoa e nem disse nada, virou e foi atender o próximo. Quando finalmente consegui chamar sua atenção de novo, já havia mais três pessoas reclamando de seus pedidos. O engraçado é que o pessoal mais antigo da padaria ficou apenas rindo dele.
Depois de consertar os seus erros numa correria sem fim e com palavras de alarde --"de quem são os cinco pães de milho com três de leite?"-- (isso foi só um exemplo, não lembro o que ele falou realmente) ele já correu para atender ao próximo cliente. Peguei meus pães e sai da padaria, com a pressa que estava, percebi à metade do caminho para casa, que tinha pago pelo leite mas não estava com ele. Voltei à padaria e, novamente, tentei chamar a atenção do rapaz apressado (para não dizer desesperado). Quando finalmente consegui que ele prodigalizasse sua atenção a mim, disse --"o leite!"--. Ele parou por um ínfimo instante me olhando e disse --"ahn"-- imediatamente após isso disse --"desculpe, esqueci, vou pegar"-- (interessante como o nosso cérebro é arteiro, ele ouviu e entendeu o que falei, mas o reflexo foi mais rápido que o processamento da mensagem que passei a ele, o "ahn" foi só o reflexo do cérebro dizendo: "entendi, estou processando". Isso acontece comigo com muita frequência). Mas o rapaz estava com tanta pressa que foi na prateleira, olhou e voltou com o pedido de outra pessoa (esqueceu de novo), os seus colegas, que estavam rindo bastante dele, se pronunciaram --"ô fulano, o leite do rapaz"-- foi então que ele foi buscar novamente e ao chegar na prateleira novamente a marca do leite que pedi estava em sua frente mas ele não viu, virou e disse --"não tem mais o leite tal"-- a esse ponto até eu estava rindo e já estava atrasado. Os colegas de trabalho dele, de forma subliminar, me fizeram perceber o porque a pressa é realmente um mal e me fizeram lembrar de algo que tinha lido a muito tempo sobre a filosofia budista "O mal é nosso próprio produto; ninguém pode poluir ou purificar outrem." ou vão me dizer que a pressa é culpa de alguém mais que não nós mesmos?

Basicamente o budismo, pelo que li e/ou pude compreender, tem três ensinamentos que são: fazer o bem, evitar fazer o mal e cultivar a própria mente. Usando essas três coisinhas básicas principalmente o "cultivar a mente" podemos evitar a pressa. Quando sai da padaria naquele dia, ainda rindo, aprendi a dar menos valor ao rush e procuro sempre evitá-lo (as vezes ainda esqueço); já até fiz coisas no meu dia a dia que não faria, em um dia de saída para o cinema ao ligar para os(as) amigos(as) e saber quem ia ou não comigo um deles disse que não. Quando já estava no caminho ele ligou para dizer que mudou de ideia e queria ir, normalmente, com o Eu apressado, ele teria ficado. Vou seguindo a vida aprendendo com meus erros e tentando evitá-los, ou, no mínimo, diminuí-los. Espero que quando estiver com pressa qualquer dia desses possa lembrar dessas palavras ou tornar-me-ei mais paucíloquo.