quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Um Pouco de Inocência

Engraçadas as situações pelas quais passo que me dão inspiração para escrever aqui no blog (pelo menos para mim). Até ontem estava decidindo entre uma infinidade de diferentes temas para escrever. Então, após a academia, fui para uma lanchonete com umas amigas e lá, conversamos variados assuntos. Nada sobre arquitetura, literatura, política e coisas afins. Apenas bobagens daquelas que nos fazem rir de um modo sincero e puro. Num dado momento da conversa as meninas comentavam sobre uma etapa de suas vidas (não escreveria aqui nem sob tortura) muito, digamos, interessante. Fizemos muitas piadas e trocadilhos infames sobre isso e nos divertimos muito. Naquele momento já tinha o tema para escrever, o que deixou as meninas bastante preocupadas. Quando a conversa mudou de rumo falamos sobre o que fazer no Natal quando alguém falou sobre o Papai Noel, como assim? É isso mesmo, Papai Noel, o gorducho de roupa vermelha, gorro vermelho, vive acompanhado de suas renas e tem um monte de duendes como operários. Assim contam os contos!

Resolvi, então, resgatar uma parte da minha inocência de quando ainda era criança, brincava com vigor e sorria de verdadeira alegria (mas de tanto aprontar, apanhava que era uma beleza também). Nessa época também acreditava no bom velhinho de roupa vermelha (tenho uma cisma com essa roupa e acho que a coca-cola tem muito a ver com isso), em Coelhinho da Páscoa, no velho do saco, no bicho papão, na kombi que levava as crianças; tinha medo da cuca, do monstro que ficava embaixo da cama e em mais uma diversidade de coisas que só mesmo uma criança em toda sua inocência acreditaria! Já dizia Rousseau, a inocência não se envergonha de nada! Uma criança não se envergonha de acreditar e ser feliz ou de ter medo daquilo que acredita. Seguindo essa premissa de Jean Jacques perderei aqui a vergonha de escrever para o bom velhinho uma carta simbólica e também pessoal.

====
Querido Papai Noel,

Talvez se impressione com minha carta, considerando minha idade, é claro. Primeiro, lembrando dos tempos em que era criança e que pedia com um egoísmo inocente à minha mãe para escrevê-lo pedindo alguma coisa sem dizer nada, quase exigindo, --"diz para o Papai Noel que quero uma bicicleta"-- gostaria de te pedir desculpas por tais atitudes, só hoje, com maturidade suficiente sei que não devemos ser egoístas em nada nas nossas vidas! Logo em seguida gostaria de dizer-te como me portei durante esse ano, afinal precisa decidir se sou ou não merecedor de alguma coisa.

Me afastei de alguns grandes amigos e até discuti com outros, não porque deixei de gostar deles, apenas me afastei. Quero deixar bem claro que continuam meus amigos e os tenho profunda admiração, mesmo não estando tão presente quanto antes. Acredito que de alguma forma, por me afastar, os magoei e não tive a coragem ou sabedoria para pedir desculpas ou tentar explicar o porquê de ter me afastado talvez nem eu saiba ainda. Algumas vezes, mesmo com a maturidade que adquiri ao longo da minha vida, fui egoísta e sei exatamente quando esses momentos aconteceram. Algumas vezes fiz julgamentos de pessoas que não conhecia. Outras vezes não fui gentil quando deveria o ter sido. Gastei muito dinheiro com bobagens quando poderia tê-lo usado com fins mais úteis. Acusei injustamente pessoas pelo que não fizeram.

Só espero que o lado bom daquilo que fiz possa superar tudo aquilo que não foi tão bom assim meu bom velhinho. Ao longo do ano eu ajudei desconhecidos com tarefas simples, fiz gentilezas sem esperar nada em troca, sempre que pude ajudei meus amigos as vezes até privando-me de meus lazeres (afinal "ajudar não dói" filosofia Eak The Cat), tentei da melhor forma possível fazer com que algumas pessoas enxergassem o lado bom de tudo que o(a) envolve, pois não devemos ficar ao chão quando a vida nos faz cair e sim levantar e tentar novamente ou recomeçar, alimentei pessoas que estavam com fome, doei roupas a quem precisava, fiz doações a instituições de caridade, sempre que tive oportunidade passei meu conhecimento adiante, mostrei quando pude que educação ainda é a melhor solução para qualquer adversidade, fui companhia quando não havia mais ninguém para fazê-lo, dei lar para quem precisava, fiz coisas inesperadas para dar felicidade, reencontrei amigos de longas datas e nos divertimos bastante, fiz novos amigos(as) que são, hoje, muito importantes na minha vida, fi-los(las) sorrir muitas vezes apenas para admirar toda a graça que uma face em felicidade mostra. Bom senhor Noel no momento não consigo lembrar mais, mas creio que não seriam muito mais coisas a adicionar.

Fazendo-o ver tudo aquilo que fiz de ruim e de bom espero poder deixar a impressão de quem fui durante este ano para, assim, poder decidir se sou ou não merecedor de algum presente. Hoje, senhor Noel, não tenho necessidade (necessidade, que fique bem claro) real de nada material (estaria mentindo se dissesse que não tem nada material que não queira, um avião, uma super moto, um bugatti veyron, coisas bem simples). Então senhor Noel, o que peço é nada mais do que mais consciência para mim e todas as pessoas à minha volta, mais sabedoria, mais gentileza, mais educação e mais serenidade. Que consiga manter minhas amizades e fortalecê-las ainda mais e que possa reencontrar os amigos dos quais me afastei. Acho que isso já esta de bom tamanho, afinal, nem sei se mereço tanto e depois de tantos anos sem escrever para o senhor não quero abusar de sua boa vontade.

Sinceramente,
Jorge Campos
a.k.a. Insólito Pensador
=====

Sejamos mais inocentes no nosso dia-a-dia só assim poderemos conquistar valores a muito perdidos. Invejo sempre essa qualidade nas crianças.

Feliz Natal a todos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário